Assisti nessa manhã a mais uma deprimente verberação de um famoso telepregador que, claramente, confunde autoridade com autoritarismo. Não assisti a todo o programa dito evangélico, mas acompanhei a parte final, em que ouvi uma exposição verborrágica, autoritária, incoerente, de quem, a despeito de estar inconformado com os seus críticos, não se apercebe de que está a defender o que outrora condenou, a Teologia da Prosperidade.
Mas, o que há de novo de baixo do sol? A “sabedoria” de Murdock? As palavras “proféticas” de Morris Cerullo e Myles Munroe? Não! Eles nada acrescentam ao que já conhecemos, pois as suas pregações triunfalistas focadas em riquezas já são muito conhecidas. O que há de novo é o fato de um famoso telepregador brasileiro — tido como assembleiano, pentecostal e defensor da sã doutrina —, o qual antes atacava com veemência a Teologia da Prosperidade, estar agora respondendo de maneira desproporcional aos opositores dessa falaciosa teologia.
Ninguém é obrigado a aceitar críticas. E precisamos saber distinguir entre as opiniões coerentes e as incoerentes; as fundamentadas na Palavra e as infundadas. No entanto, responder aos críticos com impropérios e xingamentos não me parece uma reação de quem tem o temperamento controlado pelo Espírito. Penso que o fruto do Espírito — isto é, o Espírito Santo moldando o nosso caráter — nos torna mansos, humildes e equilibrados (Gl 5.22; Ef 5.9). E eu fiquei pensando sobre o que teria dito o aludido telepregador, e que adjetivos teria empregado, se não fosse cristão nem pastor.
Chamar de bandidos os irmãos que se opõem à Teologia da Prosperidade é um exagero. Afinal, sabemos que a $abedoria do Dr. Mike Murdock é a mesma do Dr. Edir Macedo, com todo o respeito a ambos. Ela é baseada na idéia falaciosa de que o cristão não deve ser medíocre, mas plantar $emente$ para enriquecer. Penso que a Teologia das $emente$ do “homem mais sábio do mundo” não teria êxito no Haiti e nos países mais pobres da África, por exemplo. E mais: o Senhor Jesus nos mandou pregar o Evangelho, e não a Teologia da Prosperidade (Mc 16.15).
Aparentemente, o mencionado telepregador, ao ser criticado mais incisivamente por defender a mencionada falaciosa teologia, passou a adotar a mesma postura de telenganadores estadunidenses, como Benny Hinn. Este, ao ser questionado e refutado pelo Instituto Cristão de Pesquisas dos Estados Unidos, especialmente por Hank Hanegraaff, revoltou-se e amaldiçoou até os filhos de seus críticos!
Mas uma frase do famoso telepregador me chamou muito a atenção: “Eu pensava que sites evangélicos eram para evangelizar e amadurecer o povo”. Eu concordo com ele. Devemos, sim, usar blogs e sites evangélicos para evangelizar e ensinar o povo de Deus, o que também inclui a defesa do Evangelho (Fp 1.16). E fazer isso não é propriamente ridicularizar os hereges, e sim expor e refutar os seus erros.
Por outro lado, eu também pensava que os programas evangélicos eram para evangelizar e contribuir para o amadurecimento do povo de Deus, e não para expor mensagens triunfalistas, propagar a Teologia da Prosperidade e xingar críticos. Isso não é demonstração de autoridade, e sim de autoritarismo.
Ciro Sanches Zibordi
Em [Blog do Ciro]