WOLFHART PANNENBERG
Wolfhart Pannenberg é
um dos maiores teólogos protestantes contemporâneos. Nasceu no ano 1928 na
cidade de Stettin, Alemanha. Pannenberg foi batizado na Igreja Evangélica
Luterana, mas não teve praticamente nenhum contato com a Igreja nos seus
primeiros anos.
Com cerca de dezesseis, no entanto, ele teve uma intensa
experiência religiosa a qual ele chamou mais tarde de sua "experiência de
iluminação". Buscando a compreender esta experiência, ele começou a
pesquisar através das obras de grandes filósofos e pensadores religiosos.
O seu
professor de literatura da Escola Secundária, que tinha sido membro da
Igreja Confessante durante a Segunda Guerra Mundial, encorajou-o a considerar
seriamente o cristianismo, o que resultou na "conversão intelectual"
de Pannenberg, na qual se concluiu que o Cristianismo era a melhor opção
religiosa disponível. E isto o impulsionou em sua carreira como teólogo.
Pannenberg estudou Teologia e Filosofia na universidade de Göttingen, sob a
direção de Nicolai Hartmann. Logo estudou na universidade de Basel, sob K.
Jaspers e Karl Barth. Estudou na Universidade de Berlim e doutorou-se em
Teologia na Universidade de Heidelberg (1954), onde lecionou até 1958. Em
seguida, ensinou em Wuppertal (1958-61), Mainz (1961-68) e Munique (1968-1993).
Quem mais influenciou
no pensamento de Pannenberg foram Günter Bornkamm com seu "Nova busca pelo
Jesus histórico". Seu outro mentor foi Hans Von Campenhausen por meio de
seu discurso reitoral de 1947 intitulado: "Agostinho e a queda de
Roma".
Wolfhart Pannenberg,
que é professor de teologia sistemática na Universidade de Munique, apresenta
sua teologia de dentro da categoria da história. A parte central da carreira teológica
de Pannenberg foi sua defesa da teologia como uma rigorosa disciplina acadêmica,
uma capacidade de interação com a filosofia crítica, a história e as ciências
naturais.
Pannenberg é talvez
mais conhecido pelo seu livro: Jesus - Deus e Homem, no qual ele constrói uma
Cristologia "por baixo", ou seja, a sua dogmática decorre de uma análise
crítica da vida de Jesus de Nazaré. Ele correspondentemente rejeita as
tradicionais calcedônias "duas naturezas", preferindo ver a pessoa de
Cristo à luz da ressurreição. Este foco sobre a ressurreição de Cristo como a
chave da identidade levou Pannenberg a defender a sua historicidade. Outras
obras:
- A redenção como acontecimento e história, 1959;
- Revelação como história, 1962;
- Que é o homem? A antropologia atual à luz da teologia, 1964;
- Teologia Sistemática (3 v.). Quando foi publicado seu livro Jesus - Deus e Homem, em 1968, veio a ser uma influência no mundo de fala inglesa.
A doutrina teológica de
Pannenberg considera que a realidade histórica tem prioridade sobre a fé e o
raciocínio humanos. Wolfhart Pannenberg pode ser chamado o teólogo da história,
porque para ele a história é o princípio de averiguar o futuro com a revelação
da Palavra.
Para Pannenberg, a
Ressurreição de Jesus tem uma importância capital na nova concepção de
revelação. Ele afirma que ela é o acontecimento central do Novo Testamento,
porque faz acontecer antecipadamente o final da história, e isto permite
conhecê-la em sua totalidade.
Para Pannenberg, toda
história é a revelação de Deus. A história está tão clara em suas funções
revelatórias que sua interpretação pode ser feita sem a ajuda da revelação
sobrenatural. A verdade revelatória está necessariamente inerente na totalidade
da história e bem clara para todos quantos observam. Deixar de captar a
revelação dentro da história é falha do indivíduo e da sua investigação, e não
da própria história.
Pannenberg propõe que
Deus se revela indiretamente mediante a proeza que ele realiza na história. Ele
compreende a revelação como a autorevelação de Deus, de forma indireta na
história. Portanto, se a revelação de Deus acontece por intermédio de fatos
históricos, estes são acessíveis ao juízo consciente de cada homem e, por
conseguinte, ela não é um conhecimento esotérico revelado a poucos. Apesar
desta abertura, Pannenberg também afirma que a revelação é um ato divino e do
qual o homem necessita, pois este conhecimento não está em seu poder e ele não
pode obtê-lo sozinho.
O pensamento de
Wolfhart Pannenberg pode ser considerado aquele que no contexto luterano
aceitou de forma evidente o desafio do Iluminismo. Desde os primórdios de sua
reflexão, Pannenberg pretendeu superar a marginalização da fé e da teologia em
relação à razão moderna.
Wolfhart Pannenberg ao
lado de Jürgen Moltman detém a paternidade da chamada Teologia da Esperança.
Simplesmente, teologia liberal. Pannenberg é bem situado entre os grandes
teólogos protestantes contemporâneos. De um lado ele é claramente um teólogo de
confissão Luterana, de outro lado do ponto de vista metodológico, ele é um
neoliberal. Seu esforço de conciliar a tradição Luterana com a metodologia
contemporânea é o que faz sua teologia interessante e significativa. Wolfhart
Pannenberg também teve muita influência na teologia católica.
PENSAMENTOS DE WOLFHART
PANNENBERG
"O clima público
do secularismo mina a confiança dos cristãos na verdade em que creem. Em um
ambiente secular, até o conhecimento elementar da cristandade (...) definha.
Não é mais uma questão de rejeitar os ensinamentos cristãos; um grande número
de pessoas não tem a mínima ideia de quais são esses ensinamentos (...). Quanto
mais disseminada a ignorância do cristianismo, maior o preconceito contra o
mesmo (...). A dificuldade é agravada pelo relativismo cultural da própria
noção da verdade (...) à vista de muitos, (...) as doutrinas cristãs são
meramente opiniões que podem ou não ser afirmadas de acordo com a preferência
individual, ou dependendo de se elas são voltadas para necessidades pessoais
(...). A ordem social cuidadosamente secularizada promove um sentimento de
falta de sentido".
"A teologia cristã
tem somente a tarefa de mostrar que e como se pode desenvolver uma
interpretação coerente de Deus, do ser humano e do mundo a partir do evento da
revelação que o cristianismo compreende como tal, interpretação esta que é
capaz de ser defendida, com razões, como verdadeira em relação ao conhecimento
de experiência da filosofia, e que por isso também pode ser defendida como
verdadeira em relação a interpretações alternativas do mundo, tanto religiosas
como não-religiosas. A abordagem comparativa e a formação de juízo acerca das reivindicações
divergentes da verdade já devem pressupor tais exposições das concepções a
serem comparadas"
"Ora, a quem faz
um trabalho, o salário não é considerado como gratificação, mas como um débito;
a quem, ao invés, não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, é sua fé
que é levada em conta de justiça, como, aliás, também Davi proclama a
bem-aventurança do homem a quem Deus credita a justiça, independentemente das
obras".
"O Reino de Deus
não será estabelecido pelo homem. Muito enfaticamente, ele é o Reino de Deus
(...) O homem não é exaltado, mas degradado quando se torna vítima de ilusões
acerca de seu poder"
"Qualquer
tentativa inteligente de falar sobre Deus um discurso criticamente consciente
de suas condições e limitações deve começar e terminar com a confissão da
majestade inconcebível de Deus, que transcende todos nossos conceitos."
"O ser humano não
possui uma alma como realidade independente, em oposição ao próprio corpo;
tampouco possui um corpo que se movimenta de maneira totalmente mecânica ou
inconsciente. Ambas as ideias são abstrações. O que realmente existe é a
unidade do ser vivo, da pessoa humana que se movimenta e reage ao mundo"
"Jesus adquire
significado ‘para nós’, somente enquanto esta significação está apoiada nele
mesma, na sua história, e na pessoa que a história manifestou. Somente enquanto
esta poderá ser demonstrada, podemos ter certeza que a nossa fé não será uma
mera projeção de problemas, desejos e pensamentos pessoais sobre a pessoa de
Jesus".
"Uma mensagem não
convincente, como alternativa, não é capaz de alcançar o poder de convencer
simplesmente apelando ao Espírito Santo... A argumentação e a operação do
Espírito não são mutuamente exclusivas. Ao confiar no Espírito, Paulo de forma
alguma se dispensou de pensar e argumentar".
"Os eventos que
revelam Deus e a mensagem que narra esse acontecimento levam o homem a um
conhecimento que ele por si mesmo não possui. Mas esses acontecimentos têm
realmente uma força convincente. Lá onde eles são percebidos, assim como são,
no contexto históricos ao qual por natureza pertencem, eles falam sua própria
língua, a língua dos fatos reais. E foi nessa língua dos fatos que Deus mostrou
sua divindade".
Postado por Antonio Cruz
Fonte: TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
Livros e Teólogos mencionados
KARL BARTH |
K. Jaspers |
Filosofia e Teologia WOLFHART PANNENBERG |
Hans Von Campenhausen |
TEOLOGIA DA ESPERANÇA Jürgen Moltmann |