1° CORÍNTIOS 11: 20-29
21 - porque cada um come
sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome,
outro se embriaga.
22 - Será que vocês não têm
casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada
têm? Que direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!
23 - Pois recebi do Senhor
o que também entreguei a vocês: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído,
tomou o pão
24 - e, tendo dado graças,
partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam
isto em memória de mim".
25 - Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o
cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto
sempre que o beberem em memória de mim".
26 - Porque, sempre que comerem deste pão e
beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.
27 - Portanto, todo aquele
que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar
contra o corpo e o sangue do Senhor.
28 - Examine-se cada um a
si mesmo e então coma do pão e beba do cálice.
29 - Pois quem come e bebe
sem discernir o corpo do Senhor come e bebe para sua própria condenação.
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Qual é o cerne dessa mensagem de Paulo
aos irmãos da igreja de Corinto? É comum ouvir exposições dessa mensagem ao
menos uma vez por mês nas várias denominações cristãs espalhadas pelo
mundo. Alguns concentram a mensagem na
ordem da celebração, sustentando que o cálice não pode vir antes do pão, e tampouco
de forma concomitante. Outros, porém, se utilizam desse texto bíblico para disseminar
terror na comunidade, espiritualizando onde não é espiritual, restringindo a
celebração a um grupo credenciado, e pinchando maldições nos que se arriscarem
a comer o pão caso não confesse diante da congregação algum pecado cometido.
Em primeiro lugar, a ceia do
Senhor é um ato simbólico que deve ser perpetuado na igreja enquanto esta se
fizer presente na terra.
Foi instituída pelo próprio Senhor
Jesus Cristo, ensinada por Paulo e os demais apóstolos. Entretanto, a confusão
gerada em torno de um ato simbólico tão significativo começa, quando são
ignorados elementos básicos e fundamentais dessa celebração. Tais como:
- O memorial que a envolve.
- A força do perdão que ela representa.
- A comunhão a que se propõe.
- E o contexto histórico da comunidade cristã na cidade de Corinto.
Logo no inicio desta carta, Paulo
deixa claro a sua preocupação com a igreja em Corinto, pois, apesar do conceito
de que ali os sinais divinos eram patentes, as profecias eram constantes, a
igreja era “espiritual”, Paulo tenta mostrar que, o que impera na igreja de corinto não é o espirito do Evangelho,
mas o espirito mesquinho e carnal do ser humano (cv. 1° Coríntios 3.1).
- Na igreja em Corinto havia partidarismo: Porque dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu sou de Apolo; porventura não sois carnais? – 1° Coríntios 3.4
- Havia inveja, contendas, dissensões; e Paulo os alerta desses profundos traços de carnalidade – 1° Coríntios 3. 3
- Havia inclusive um suposto caso de incesto tolerado pelos líderes eclesiais – 1° Coríntios 5.1
Era nessa atmosfera espiritual que se
desenvolvia a igreja de Corinto; e o ato simbólico de profunda significação
cristã, é reduzido a uma ação mecânica, um banquete onde os que tem posses se
divertem e os demais são excluídos da celebração.
A exortação de Paulo é enfática
quando diz, “quando vos juntais, não é a ceia do Senhor que comeis”. Pois enquanto
uns tem fome, outros se embragam. Não tendes porventura casa para comer e
beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? – 1°
Corintios 11.22
A partir daí, Paulo mostra em que
consiste a ceia do Senhor, deixando claro que, ela perpassa o simples ato de
comer e beber na igreja. A koinonía tem lugar primordial na celebração. Os que
não possuem esse espírito, essa mentalidade, esse compromisso, são considerados
indignos de comer do pão e beber do cálice. Portanto, o que Paulo está
ensinando não é que alguém deva ser impedido de participar da ceia pelo simples fato de haver discutido com a esposa ou
esposo, discordado das ideias de seus lideres, ter se estressado no transito, ou cometido alguma falha. Tampouco está
propondo que tal irmão se exponha diante da congregação, divulgando publicamente
alguma falha cometida.
O "corpo do Senhor" mencionado por Paulo, não se trata do
pão comido na celebração. O corpo do Senhor é a igreja reunida para celebrar o
memorial de sua morte. Quando não há discernimento
de que todos os que foram resgatados por Cristo em sua morte, independente de
sua condição social, pertencem ao seu corpo, aí se manifesta a indignidade na participação
da ceia.
O pão apenas simboliza algo
maior. Simboliza o elo que nos une e nos faz membros de um ÚNICO CORPO.
REFLITA!