DIZIMO: DAR OU PAGAR ?

O cristão deve dar ou PAGAR o dízimo ?

A igreja hodierna tem assumido  características empresarial, comercial e antibíblica. Principalmente no que diz respeito a sua ação na sociedade. Cristo idealizou a igreja como um lugar de benção; uma comunidade de irmãos que se ajudam mutuamente, onde se tem tudo em comum. Seu desejo era que a igreja além de ser uma comunidade de irmãos que se ajudam mutuamente, também fosse propagadora do amor de Deus; anunciadora de boas novas.


O apostolo Paulo previu o futuro da igreja, e sua orientação a Timóteo é que este fugisse da idolatria ao dinheiro, pois o amor ao dinheiro seria um laço para muitos obreiros que fariam da piedade, fonte de lucro e meio de enriquecimento  (ITm.6.3-10).

Dentre as questões levantadas em torno da igreja, está também a questão do dízimo, doutrina bíblica que vem sendo mal interpretada e mal difundida no seio da igreja atual.

Dízimo é uma contribuição generosa, feita por quem tem consciência do amor de Deus e reconhece sua prosperidade como uma benção de Deus. Esse mesmo indivíduo percebe que é responsável pela manutenção da casa do Senhor, e pelo crescimento de sua comunidade. Então essa pessoa assume a responsabilidade de ajudar economicamente para a manutenção da igreja em termos sociais. O dízimo tem base na Biblia. Algumas referências estão ligadas à manutenção dos levitas e sacerdotes como também a manutenção do Templo.

Alguns mitos foram criados em torno do dízimo, e tem sido causa de muita confusão dentro da igreja, e fora dela. Alguns têm usado o dizimo para propagar uma espécie de terror, levando até mesmo alguns a duvidar de sua própria salvação adquirida  pelo sacrifício de Cristo. A idéia desse artigo é  refutar a falsa doutrina da prosperidade, propagadora da salvação adquirida pelo ouro ou a prata, real ou dólar.  Doutrina que tem mais a intenção de estabelecer impérios do que manifestar o Reino de Deus.

Primeiramente reitero que, dízimo é bílbico. Minha intenção não é atacar sua realidade e sua eficácia na vida do piedoso que reconhece a bondade divina e manifesta sua gratidão separando parte do que Deus lhe deu para a manutenção do trabalho do Senhor através dos sacerdotes, em favor da comunidade Malaquias 3.6-12.

O que devemos é dar ou PAGAR O DÍZIMO?

Esse é um dos principais conceitos errôneos, propagados principalmente pela falaciosa “Teologia da Prosperidade”. Os propagadores dessa doutrina geralmente usam o termo “PAGAR O DIZIMO” como se fosse uma espécie de título de capitalização que o cristão adquire, e tem que pagar parcela mensal no afã de resgatar suas bênçãos no final do título.

Dizimo não é um titulo que se deve PAGAR. Dízimo é algo que se em reconhecimento e gratidão a Deus pela prosperidade, pela boa colheita, enfim, por tudo que o Senhor nos feito em termos de prosperidade.  O povo de Israel entendia isso muito bem, ao ponto de supervalorizarem os dízimos e negligenciarem pontos de maior relevância na vida piedosa

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
 pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. 
Mateus. 23.23

"Dá-se" o dizimo, não se "PAGA" o dizimo. Alguns mercenários se utilizam dessa doutrina e a aplicam deturpadamente na vida dos membros de suas igrejas, com ameaças de que até mesmo sua salvação poderá ser afetada, caso o cristão não lhe dê o dizimo     (ou “trízimo”, como um suposto apostolo já sugeriu ).    

Pedro escreveu:
 Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
 que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 
mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, 
I Pedro 1.18.19.

O dízimo não afeta a salvação, pois a mesma foi adquirida por Cristo que pagou o preço de nosso resgate a Deus com seu próprio sangue. Não temos que pagar por nossa salvação em Cristo; ele não veio buscar o que é “NOSSO”, mas a “NÓS”.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se gloríe.
 Efésios. 2.8,9

Dizimo está ligado diretamente a nossa prosperidade terrena, não a nossa salvação eterna. Alguns partem para o outro extremo ao dizer que, estamos da dispensação da graça, e que não há mais necessidade de dar o dizimo, pois o mesmo pertencia à dispensação da lei, sendo, portanto aniquilado por Cristo na Cruz.  

Dizimo não era produto da dispensação da lei. O dizimo não foi instituído para a dispensação da lei. Antes da instituição da lei mosaica já se dava o dizimo em reconhecimento a bondade divina. Quando os animais davam boa cria os povos sacrificavam em gratidão a Deus.  Quando tinham boa colheita eles ofereciam ao sacrificavam ao Senhor como reconhecimento.

Abraão ao voltar da guerra trazendo os despojos, encontra-se com Melquisedeque que era sacerdote de Deus. E lhe dá o dizimo de tudo o que conquistou na batalha. (antes da criação da lei) Genesis 14.18-20.

Jacó ao fugir para Padã-Arã, dorme sobre uma pedra, e sonha com uma escada que liga terra e céu, e ouve as palavras de Deus sobre sua descendência. Ao despertar do sono, Jacó faz um pacto com Deus e promete dar o dizimo de tudo o que adquirisse na terra para onde ía. (antes da lei) Genesis 28.22.

Dizimo não é algo que se dá por imposição de alguém, dizimo não se dá por medo do inferno ou por barganha com Deus. Dizimo é algo que se dá em sinal de reconhecimento e amor a Deus. Com o propósito de apoiar a implantação do Reino de Deus na terra.  

Não é dado do que sobra ou do pior que temos, mas das primícias de nossa renda ou do nosso rebanho.

Honra ao SENHOR com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; 
E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.  
  Provérbios 3.9,10

O dizimo bíblico não é somente de dinheiro, mas de cereais, animais, e legumes. O mais importante no dízimo é o que nos motiva a praticá-lo. A motivação não pode ser uma barganha com Deus, mas, o reconhecimento de que o Senhor é quem nos sustenta com a provisão do necessário para nossa manutenção diária.

Deus não quer que paguemos o dízimo, mas que demos o dizimo conscientemente.