O que houve de errado UZÁ ?

Quando chegaram ao campo de debulhar cereais que pertencia a Quidom, os bois tropeçaram.
 Então Uzá estendeu a mão e segurou a arca da aliança. 
 Na mesma hora, o SENHOR ficou irado por Uzá ter tocado na arca e o matou. 
Ele morreu ali, na presença de Deus
1° Crônicas 13.9,10 
Por que Uzá tocou na arca ?
Pano de fundo histórico
A arca da aliança era o utensílio mais sagrado do Tabernáculo. Ela foi confeccionada de madeira de acácia, e recoberta de ouro, e ficava no lugar chamado Santo dos Santos, onde só era permitido o Sumo sacerdote entrar anualmente; no dia do “Yon Kippur”,que era o dia do perdão para a nação. Durante a peregrinação pelo deserto, Deus escolheu a tribo de Levi como sua herança. Observe como funcionou:

Cada família consagrava o primogênito masculino a Deus, este seria uma espécie de sacerdote do lar na ausência do pai de família.  Como Deus levantaria a partir de agora um exercito dentre os israelitas, Ele substitui os primogênitos de todas as tribos por uma tribo em especial, “A tribo de Levi” – Números 3.11-13.

Leví, filho de Jacó, foi pai de Gérson, Coate e Merari – Números 3. 17; I Crônicas 6.1. Os filhos de Levi tornaram-se cabeças de família e clãs importantes no meio de Israel. Eles ficaram a cargo da guarda do Tabernáculo do deserto, como também de todo o processo religioso da nação. O Tabernáculo era o centro da adoração a Deus durante a peregrinação pelo deserto, e foram estabelecidos meios de transportes especiais para cada peça e cada móvel desse tão importante santuário.

a) - Os gersonitas ficavam à disposição para o serviço que fosse  solicitado e para o transporte de cargas; os gersonitas eram supervisionados por Itamar filho do sacerdote Arão. Utensílios a cargo dos gersonitas:
  •  A tenda, as coberturas de dentro e de fora, a coberta de peles finas e a cortina da entrada.
  •  As cortinas do pátio, a cortina da porta que ficava ao redor da tenda e do altar, as cordas e todos os objetos necessários ao serviço,  (Números 4.24-26).
b) - Os meraritas se encarregaram do transporte do Tabernáculo sob a supervisão de Itamar filho de Arão nas seguintes funções de transporte:
  • As tábuas, os cabos, as colunas, os pregos, e as bases da tenda com todos os seus  objetos e com tudo o que pertence ao seu serviço.
  • Foram entregue a cada homem desse clã, uma lista das coisas que ele deveria levar e prestar contas (Números  4.31,32).
c) - Quanto aos coatitas, seu serviço foi cuidar das coisas santíssimas, principalmente as que estavam no santuário.  Eles deveriam ser supervisionados pelo próprio sacerdote Arão e seus filhos, para que não entrassem no santuário quando estivesse sendo desarmado, nem tampouco para tocar nos objetos ou olhar para eles antes de serem envoltos nos tecidos determinados por Deus.

Ficou a cargo dos coatitas:

  • Candelabro, e seus apagadores, a mesa com todos seus talheres e os pães, o altar do incenso e seus acessórios, a pia de bronze, o altar do holocausto, o véu interior, e a ARCA  da aliança.
  • Utensílios pequenos de ouro, como o candelabro e suas lamparinas, as tesouras de cortar os pavios, os apagadores e as vasilhas de distribuir o azeite, eram todos envolvidos em pele fina, e atados às varas para serem carregados (Números 4.1-24).
Como eles transportavam?
  • Gersonitas – ganharam duas carroças e quatro bois para o serviço de transporte dos seus objetos (Números 7.7).
  • Meraritas – ganharam quatro carroças e oito bois para o transporte dos objetos sob seus cuidados (Números 7.8).
  • Coatitas – estes não receberam carros de bois para o transporte, porque sua missão era transportar a mobília sagrada nos ombros.
Podemos deduzir, a partir dessas informações, que os que receberam carros de bois para o transporte de objetos, podiam, não somente tocar em tais objetos ao longo da viagem, como deveriam estar atentos para que nenhum deles caísse do carro, pois cada um daria conta do que lhe foi confiado. O mesmo não é dito dos coatitas, estes deveriam transportar a mobília nos ombros por meio de varas, mas sem tocar neles, sob pena de morte (Números 4.15, 18).
A morte de Uzá
 Muito se questiona sobre Uzá, que embora sendo levita, foi punido com a morte por haver tocado na ARCA da aliança quando os bois tropeçaram no caminho a Jerusalém, no reinado de Davi.  Alguns apresentam as mais diversas justificativas e fazem aplicações com base no ocorrido, no entanto, boa parte das justificativas  e aplicações, simplesmente desconsideram fatos de bastante relevância no contexto histórico, por exemplo: a qual dos clãs levítico pertencia Uzá? Para transportar a Arca, não bastava ser levita, era necessário pertencer ao clã próprio para essa função, no caso, o clã dos coatitas.

Vamos entender o que aconteceu.
O ambiente era de festa, pois a ARCA estava sendo levada para Jerusalém. Como os levitas não tinham mais a função de transportar o tabernáculo (pois já estavam na terra) Davi organizou os levitas e lhes atribuiu varias funções como porteiros, ajudantes nos sacrifícios e, sobretudo a de cantores. Davi selecionou os melhores cantores e organizou a adoração por meio do louvor em Israel, até os descendentes de Coré, que foi o responsável pela rebelião no deserto, foram arrolados no coral, tendo como regente do primeiro coro Hemã, filho de Joel, que remonta a Corá, líder da rebelião contra Moisés no Êxodo (Números 16.32) os filhos de Corá que não pertenciam à rebelião do pai, e permaneceram vivos como consta no Capitulo 26.11 do mesmo livro de Números.

Dentre os levitas cantores, estava Uzá, que pertencia ao clã dos meraritas (I Crônicas 6.29,30). Os meraritas transportavam os objetos sagrados em carros de bois, e não havia proibição alguma sobre o tocar nos objetos que eles transportavam. No entanto, dois erros foram cometidos aqui, não somente por Davi, mas também por seus assessores:

Uzá não pertencia ao clã dos coatitas, portanto, não era o levita mais indicado para conduzir a ARCA até Jerusalém.
A ARCA não deveria ser transportada em carros de bois, mas sobre os ombros dos coatitas.

Esses foram os erros principais da causa da morte de um levita que intentou agir corretamente mas que acabou cometendo um dos  mais graves sacrilégios dos tempos da Lei Mosaica, tocar em um objeto que aos judeus comuns, nem mesmo era permitido olhar.  

Pobre Uzá, errou querendo acertar; transportou o utensílio errado no seu correto carro de boi.  Por que você tocou naquela Aaaaarca UZÁ?