Igreja Católica perde 465 fieis por dia, segundo dados do IBGE


Apesar de a Igreja Católica ainda ser considerada a  maior denominação cristã no Brasil, os fatos não condizem com a realidade. De algumas décadas para cá, temos visto muitas pessoas que se identificam  como católicos não o fazem por convicções próprias, mas por tradição recebida dos pais e avós. Conheço alguns que frequentam assiduamente a igreja, no entanto, em perguntas sobre o que os levam a tal assiduidade, as respostas são sempre evasivas do tipo “eu nasci católico!”, outros são um pouco mais expansivos e chegam a argumentar que o ser humano precisa de uma religião; mas, raramente vejo católicos capaz de apresentar o que de fato é importante na fé cristã seguida por eles dentro do catolicismo.

Trabalhando com turismo em Salvador, percebi que grande parte dos turistas que vem ao Brasil, e principalmente a cidades históricas como Salvador, São Luiz, Recife, Alagoas e outras cidades, frequentam os templos católicos e esboçam um ar de reverencia e apreço; quem vai bem próximo a eles, percebe que o que os encanta raramente é o fato de estar em um lugar de propagação de sua fé, mas, sobretudo a possibilidade de contemplar o espirito do século XVII e século XVIII por meio da arte barroca, neoclássica e rococó  presente na arquitetura dos templos e nas esculturas sacras espalhadas por algumas cidades da nação tupiniquim.

Isso mostra o contraste entre o catolicismo e o protestantismo no Brasil. Enquanto uns vão ao templo como uma profissão de fé, outros vão por pura tradição. Uns vão para prestar culto a Deus, outros  vão para trazer à memoria algum santo relativo àquela data na qual lhe prestarão homenagens. Enquanto alguns vão buscar um relacionamento com o divino, outros vão apreciar obras de arte. Enquanto para alguns o templo é a casa de oração, para outros o templo foi rebaixado a museu.   Cerca de dois meses atrás um seminarista católico me perguntou em uma livraria: “até quando o protestantismo vai subsistir ?” Bom, o que ele queria saber era, até quando o protestantismo vai viver, existir à margem da Igreja Católica, conservar sua força de ação.    

Segundo o dicionário Aurélio  5° edição:

SUBSISTIR= existir, existir individualmente, conservar sua força de ação, viver.

A pergunta do nosso amigo seminarista trás no seu bojo a ideia de que a Igreja evangélica no Brasil anda sempre à beira da queda (em relação a número de fieis). A tradição, a paixão por esculturas e arte antiga, ou, quem sabe, a própria falta de informação impediam o jovem seminarista ver a realidade patente que mostra   que:  A IGREJA EVANGELICA CRESCE A CADA DIA. Se alguns advogam que ela se mantem estável, não importa; fato comprovado é que, na real, quem subsiste é a Igreja Católica.

Os números do CENSO DO IBGE divulgados na última sexta feira dia 29 de Junho, mostra que a Igreja Católica em 2010 contava com menos, quase 1,7 milhões de fieis em comparação com o ano 2000. A Igreja Católica perdeu em média, 465 fieis por dia (isso é subsistir).  Em contrapartida, a Igreja Evangélica foi o segmento religioso que mais cresceu, sendo responsável pela diminuição em números de fieis da Igreja Católica (isso é existir). Há 50 anos a Igreja Católica era soberana no Brasil com 93% da população  declaradamente católica, mas esses números vem diminuindo a cada ano.

Segundo o professor de antropologia da Universidade de Campinas (UNICAMP) Ronaldo de Almeida em entrevista ao blog ESTADÃO, o catolicismo tradicional tende a, no futuro, ficar mais parecido com a igreja evangélica em termos de convicções; uma vez que os que ficam são os  que realmente mantém sua fé na igreja católica.

Há, no entanto, quem discorde de tal afirmativa, como a professora e pesquisadora da religião Silvia Fernandes, da universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ)

“Não existe uma inversão da sociedade católica para a protestante. O que se vê é um processo mais agudo de diversificação. O brasileiro não tem mais constrangimento de dizer que não é católico”.

De qualquer forma, retardada ou acelerada, a queda em números de fieis da igreja Católica certamente não afetará o numero de frequência aos seus templos, pois sempre haverá estudantes dos cursos de Letras e História, e amantes de arquitetura antiga.



Antonio da Cruz

fonte: site do IBGE, O ESTADÃO.